Estão transformando “algoritmo” num termo pejorativo e usando ele de forma muito esquisita. Acabei de ler, numa matéria do G1, sobre um programa de computador “sem algoritmos”.
Um algoritmo nada mais é que uma sequência de operações bem definida. É um procedimento que em geral recebe uma entrada, faz um monte de coisas com ela e devolve uma saída.
A ciência da computação é fundamentalmente a ciência dos algoritmos. E, embora os algoritmos não dependam de computadores, os computadores são máquinas que realizam operações que são formalizadas por meio de algoritmos, de forma que é difícil imaginar um programa de computador sem algoritmos.
Um exemplo de algoritmo é o algoritmo de Euclides, de 300 a.C., que encontra o máximo divisor comum entre números inteiros tomando o resto da divisão de um pelo outro sucessivamente.
Nos últimos anos, a palavra “algoritmo” está muito relacionada ao Facebook — como se vê nessa matéria do G1. Isso porque o Facebook usa um algoritmo de aprendizado de máquina para definir as publicações que cada pessoa vê no seu feed de notícias e a ordem em que essas publicações aparecem. O Instagram também usa um algoritmo pro mesmo propósito, mas não parece ser tão odiado.
As críticas sobre o Facebook seriam mais úteis se fossem dirigidas ao seu modelo de negócios, à bestificação das redes sociais, ao monopólio, à coleta de informações em massa e à cultura da pós-verdade, não à existência de algoritmos. Da forma que têm sido feitas, escondem num jargão pretensamente técnico decisões que são tomadas para maximizar lucros mantendo pessoas dentro da plataforma compartilhando coisas, vendo e clicando em publicidade. Ou seja, se fala de “algoritmo” em abstrato mas acaba não se falando de qual algoritmo, isso é, do filtro do Facebook e com que interesses ele é desenvolvido.
Por fim, com WhatsApp Business, API oficial e saída de Jan Koum, eu chutaria que o WhatsApp vai estar também cada vez mais sujeito a “algoritmos” — ou, sem mistificação, interesses comerciais.