Os nazistas venceram a Segunda Guerra mesmo sem o saber. Eles, sem sombra de dúvidas, provaram que Deus está morto, ou sendo otimista, está fora dos negócios. Com o extermínio sistemático de 6 milhões de judeus – o povo escolhido por Deus em pessoa eles mostraram a quem quiser ver que o Imperador está nú.
Quando Samuel Beckett escreveu “Esperando Godot”, ele estava sendo um pouco sacana e eu digo porquê: “God” como devem saber significa em inglês nada mais nada menos que “Deus”, enquanto o sufixo “-ot” em francês quando acrescentado ao final de uma frase a torna um diminutivo. Este é o motivo pelo qual Carlitos, o principal personagem de Charles Chaplin é Carlot na França. Parto do presuposto de que todos já estão de saco cheio de esperar pelo deusinho. Não trata-se de esperar. Trata-se de processá-lo.
Na verdade, 90% das pessoas em todo o mundo são ateus filhos-da-puta. Desculpe pelas palavras fortes mas quem disse que a verdade não dói? Eles somente dizem “acreditar”, mas tudo não passa de palavras vazias. Eles tem medo de perder todo o benefício social que possuem ao “acreditar” e não precisam se preocupar em serem criativas ou interessantes para serem aceitas na comunidade. Também não deixa de ser uma libertação para todas as crianças que são obrigadas a terem educação religiosa sem nunca tiverem tido uma chance de escolher.
Cada faceta da vida moderna foi planejada e realizada sem que houvesse qualquer meio de suporte invisível. Medicina, corporações, política. Nada disso funciona como se algum Deus fosse necessário a equação. No entanto cada vez mais este conceito tem sido usado para fazer as coisas erradas como se fossem certas. É hora de parar. Vamos julgar Godot.
(Rev. Ibrahim Cesar em “Julgando Godot” no Cabala 1001 Gatos de Schrödinger)
Brilhante, em especial o parágrafo sobre os “ateus filhos-da-puta”. A sociedade cria um Deus para usá-lo a seu favor justificando suas falhas e tornando todos os erros “perdoáveis”. Pouca gente tem coragem de assumir que não acredita em Deus ou que duvida de sua existência. Eu não estou em nenhum dos dois lados, mas vivo pensando e a única conclusão que eu já consegui chegar é que eu acredito num mundo melhor, na divindade das pessoas e na minha existência.
Embora o discordianismo seja ao mesmo tempo uma piada disfarçada de religião e uma religião disfarçada de piada, faço minhas as palavras do Rev. Ibrahim Cesar (não me perguntem quem é esse cara). Eu cheguei a conclusão de que o fato de Deus existir (ou não) não é importante… Por que não podemos apenas viver?