Resgate de anos de história

No início de 2005, logo antes de começar o Ensino Médio, eu escrevi meu próprio sistema de blog (tipo pra concorrer com o WordPress — só que não) e comecei a blogar no endereço tableless.tiagomadeira.net. Estava empolgado com a ideia de construir uma web semântica, com XHTML e com tableless. Foi um pouco antes do “estouro” da blogosfera que veio com o ascenso do WordPress mais pro final do mesmo ano e pelos dois anos seguintes.

Desde lá e durante todo o ensino médio, eu bloguei muito. No final de 2005, o blog se transformou num WordPress e assumiu o endereço tiagomadeira.net. Além disso, no verão de 2005 para 2006 escrevi um blog-curso de algoritmos para estudar para a Olimpíada de Informática.

Um ano depois, comecei a escrever outro blog em parceria (o Mal Vicioso, com a Carol). E em 2007, passei a participar timidamente ainda de outro (o 1001 Gatos de Schrödinger, do Ibrahim).

Em 2008, quando entrei na UFSC, fiquei um ano completamente sem blogar. Foi provavelmente o meu ano mais longe da internet, devido ao estudo sério de matemática e o treinamento intensivo para a Maratona de Programação (foi nesse ano que nossa equipe se classificou para a final mundial na Suécia).

Quando vim para São Paulo, em 2009, resolvi voltar a blogar. Porém, depois de ter ficado um ano sem dar bola pro meu blog, não me senti confortável em continuar usando ele (além de que fui tentar organizá-lo e acabei perdendo conteúdo sem querer). Aí acabei criando outro no endereço blog.tiagomadeira.com.

O conteúdo do tiagomadeira.net acabou ficando jogado às traças num leiaute terrível com mais publicidade do AdSense do que conteúdo. A mesma coisa aconteceu com o blog de algoritmos, que curiosamente continuou sendo bem visitado (valeu, Google!). E os outros dois blogs (Mal Vicioso e 1001 Gatos) simplesmente morreram.

Vinha pensando há algum tempo em fazer alguma coisa para salvar o conteúdo de todos esses blogs. Até que nesse sábado resolvi botar a mão na massa e toquei esse meu projeto egocêntrico: Escrevi um novo design e exportei/importei os posts de todos os outros blogs para este novo, relendo os posts para corrigir formatação, imagens e links quebrados.

Estou inaugurando este blog com textos dos últimos oito anos, ou seja, que registram acontecimentos interessantes de mais de 1/3 do meu tempo de vida. Encontrei uma porção de coisas legais quando resgatava os posts: angústias, ideias, planos, descobertas. Definitivamente valeu a pena não permitir que isso tudo se perdesse no buraco negro da internet.

Acabei motivado a continuar escrevendo aqui para contar o que ando pensando e para que no futuro eu continue me divertindo com meus velhos projetos. Ansioso para ver se a motivação vai vingar.

Ser ou não ser: eis a questão.

Conversa com o John há alguns minutos:

john: hey ya
me: hey
não tinha notado que você falou, notei agora q o lucas falou
heuahueauheau
john: heheheheh
uma pergunta
por acaso vc não é o Reverendo é?
me: você com certeza não leu o principia
john: ??
me: ele, combinado as minhas ações, apresenta provas claras de que eu sou reverendo
só agora você descobriu?
john: auhuahauhahuahauhauha
to falando sério poioca
alou?
me: ser ou não ser: eis a questão.
não sei o que posso lhe dizer.o que você acha?
john: uauha
bom…
a maneira de escrever é um tatno quanto parecida
me: que motivos você tem para acreditar nisso?
john: existem várias coisas…
segundo…
estranho, comecei falando com ele e ele falou comigo de uma maneira mto amigavel
e ele já me conhece
ou ele realmente é gente finissima

É, quero deixar claro que o Ibrahim é de fato gente finíssima. A não ser que eu seja um personagem como a Sofia de Jostein Gaarder, sinto informar-lhes que eu sou eu mesmo. Ou eu sou você, reverendo? O que você me diz?

O fato é que essa história de um ser outro está muito popular na blogosfera. O povo acredita em tudo o que ouve, há coisas que simplesmente não fazem sentido. A maior vítima dessas historinhas está sendo o gato da cabala. Queria dizer a todos vocês que duvidam que o Ibrahim seja real que ele é mesmo real. Ele parece um personagem inventado por vários motivos; no momento lembrei de três:

  1. Ele tem nome de Ibrahim (eu não conheço nenhum outro cara com esse nome, que parece ser um antigo nome judeu) Cesar (imperador romano).
  2. Ele começou um blog em dezembro, antes disso ele parecia não ser ninguém na internet. O blog dele, que contou com três posts por dia por várias semanas, cresceu muito rápido e conseguiu muitos visitantes e pagerank. Ele conhece muito de internet e de blogosfera para ser uma pessoa normal que foi incluída nesse meio há quatro meses.
  3. A inteligência sarcástica dele é digna de ser fruto da mente de uma legião de pessoas e não de um homem só.

O fato é que eu posso afirmar que esse cara, totalmente eclético e genial (na real é um dos caras mais fodas que eu conheço, embora eu não o conheça na vida real), é mesmo real. Queria dividir isso com vocês pra acabarem os rumores na blogosfera, no GTalk, no mundo inteiro: Ibrahim Cesar é real. Abaixo você pode ver duas provas disso, que retirei do site dele:

infelizmente, essa foto foi perdida com o tempo

Em breve o mundo poderá ver uma obra-prima que ele está bolando e que eu estou tentando ajudar a fazer acontecer (se tudo der certo, no dia 23/05). No momento não posso dar mais informações.

Ah, sim… A escassez de posts está afetando seriamente este ambiente. Prometo tentar melhorar. Nessa semana ainda posto sobre a segunda fase da OBI.

Vamos julgar Deus?

Os nazistas venceram a Segunda Guerra mesmo sem o saber. Eles, sem sombra de dúvidas, provaram que Deus está morto, ou sendo otimista, está fora dos negócios. Com o extermínio sistemático de 6 milhões de judeus – o povo escolhido por Deus em pessoa eles mostraram a quem quiser ver que o Imperador está nú.

Quando Samuel Beckett escreveu “Esperando Godot”, ele estava sendo um pouco sacana e eu digo porquê: “God” como devem saber significa em inglês nada mais nada menos que “Deus”, enquanto o sufixo “-ot” em francês quando acrescentado ao final de uma frase a torna um diminutivo. Este é o motivo pelo qual Carlitos, o principal personagem de Charles Chaplin é Carlot na França. Parto do presuposto de que todos já estão de saco cheio de esperar pelo deusinho. Não trata-se de esperar. Trata-se de processá-lo.

Na verdade, 90% das pessoas em todo o mundo são ateus filhos-da-puta. Desculpe pelas palavras fortes mas quem disse que a verdade não dói? Eles somente dizem “acreditar”, mas tudo não passa de palavras vazias. Eles tem medo de perder todo o benefício social que possuem ao “acreditar” e não precisam se preocupar em serem criativas ou interessantes para serem aceitas na comunidade. Também não deixa de ser uma libertação para todas as crianças que são obrigadas a terem educação religiosa sem nunca tiverem tido uma chance de escolher.

Cada faceta da vida moderna foi planejada e realizada sem que houvesse qualquer meio de suporte invisível. Medicina, corporações, política. Nada disso funciona como se algum Deus fosse necessário a equação. No entanto cada vez mais este conceito tem sido usado para fazer as coisas erradas como se fossem certas. É hora de parar. Vamos julgar Godot.

(Rev. Ibrahim Cesar em “Julgando Godot” no Cabala 1001 Gatos de Schrödinger)

Brilhante, em especial o parágrafo sobre os “ateus filhos-da-puta”. A sociedade cria um Deus para usá-lo a seu favor justificando suas falhas e tornando todos os erros “perdoáveis”. Pouca gente tem coragem de assumir que não acredita em Deus ou que duvida de sua existência. Eu não estou em nenhum dos dois lados, mas vivo pensando e a única conclusão que eu já consegui chegar é que eu acredito num mundo melhor, na divindade das pessoas e na minha existência.

Embora o discordianismo seja ao mesmo tempo uma piada disfarçada de religião e uma religião disfarçada de piada, faço minhas as palavras do Rev. Ibrahim Cesar (não me perguntem quem é esse cara). Eu cheguei a conclusão de que o fato de Deus existir (ou não) não é importante… Por que não podemos apenas viver?

© 2005–2020 Tiago Madeira