Uma memória me surgiu de repente. Precisava escrever.
Era maio de 2009. Não lembro o dia.
Campus da Universidade de São Paulo.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
Havia muito barulho e resolvi entrar.
Cerca de 400 estudantes em assembleia.
As pessoas falavam num microfone, mas era muito difícil ouvir.
Gente defendendo um lado e outro.
Recebendo aplausos, vaias.
Propostas, votações.
A maioria delas era sobre o diretor, Prof. Sawaya.
A que me lembro era para decidir se a FAU entraria ou não em greve.
Não houve contraste e os votos foram contados, um a um.
Não entrar em greve ganhou, mas isso não é importante.
O que marcou o dia, pra mim, foi um casal que estava bem a minha frente.
Ao ouvir que deveriam levantar as mãos os que eram a favor da greve, a garota olhou pro seu namorado, visivelmente triste.
E disse umas palavras que eu posso dizer, sem exagero, que mudaram minha vida:
“Eu não vejo a hora de terminar esse curso. Porém, não tenho coragem de votar contra a greve.”
E levantou as duas mãos.
Pra ela a universidade era mais importante do que ela.
A ponto de valer a pena defender a visão em que acreditava mesmo que isso significasse adiar sua formatura.
No IME só ouvi o pensamento inverso, gente preocupada apenas em terminar o seu curso e indiferente aos problemas de sua universidade.
Não há um dia lá em que eu não veja uma prova de que individualismo é a cara de São Paulo.
Porém, há esperança.