“A crise representa purificação e oportunidade de crescimento. Não precisamos recorrer à palavra chinesa de crise para saber dessa significação. Basta recordar o sânscrito, matriz de nossa língua. Em sânscrito, “crise” vem de kir ou kri que significa purificar e limpar. De kri vem “crisol”, elemento químico com o qual limpamos ouro das gangas, e “acrisolar”, que quer dizer depurar. Então, a crise representa um processo crítico, de depuração do cerne: só o verdadeiro e substancial fica, o acidental e agregado desaparece. A partir do cerne se constrói uma outra ordem.”
O meu irmão foi assaltado ontem lá em Campinas. Um dia depois daqueles caras me abordarem aqui em Itajaí, um cara ameaçou espancá-lo porque ele não seguiu o meu conselho: não saia de casa. Ou saia em gangues e faça uma cara de mau pro assaltante pensar que vocês é que vão assaltá-lo.
Nós estamos vivendo num mundo absurdo. Não sei se isso só acontece no Brasil, não sei se no mundo inteiro. Dá vontade de fazer como o Rafael sugere: juntar um bom dinheiro e sair do país. Aqui no nosso país, no nosso mundo, no nosso universo… seja lá onde for, mas infelizmente no lugar onde eu estou, é impossível viver. As pessoas machucam umas as outras por dinheiro, por celulares que provavelmente serão convertidos em narcóticos, qual o sentido em tudo isso?
Como solução utópica precisamos aprender a viver dentro de casa. O Second Life parece-me um lugar bem mais tranqüilo para se estar. A saída para não sermos assaltados é construirmos todas as nossas relações no mundo virtual, porque o mundo real já está tomado e creio que os seus donos não sejam os que acessam a internet.
Aí, quem sabe daqui a uns anos, esses moleques assaltantes de hoje vão ter sumido, porque não vão ter a quem roubar até lá e com isso não sobreviverão. Aí a lei de Darwin estará a nosso favor: os mais ricos sobrevivem e não a favor deles: os mais fortes (?) sobrevivem.
Que situação ridícula. Sinto-me como se estivesse proclamando: “Burgueses de todo mundo, uni-vos!”
Itajaí durante feriados é vazia. Eu andei mais de três quilômetros de manhã e não vi civilização, ninguém andava na rua a não ser bêbados. Tudo está fechado. Cheguei à casa da Carol. Resolvemos almoçar no shopping. A casa da Carol fica a cerca de 300m do shopping. Quando estávamos já a uns 50m do shopping, na frente da Vanel, aconteceu a inspiração desse post. Três moleques fumando, de bicicleta, nos observavam e então pararam para combinar alguma coisa. Eu percebi que aquela parada não foi uma parada “normal”.
– Carol, aqueles caras querem alguma coisa com a gente.
– Parece que eles querem nos assaltar.
O que poderíamos fazer nesse momento? Depois, no shopping, pensamos que poderíamos ter corrido. Estávamos muito perto do shopping e os caras não iriam se arriscar. De qualquer maneira, continuamos andando, não sabíamos o que fazer. Dez segundos depois os caras vêm na nossa direção. O “líder” pára com a bicicleta na nossa frente e segura a minha camisa:
– Passa o celular. Quero só o celular. – e eu dei ao moleque meu celular de cinco anos. Ele e seus dois amigos iam saindo de bicicleta, mas ele voltou para jogar o celular de volta. Deve ter pensado “Essa coisa velha não deve valer nada”
Os três saíram correndo, o líder falou algo do tipo “Dessa vez passa playboy!”, não pensamos em nada muito interessante pra fazer. Também… Fazer o quê? Eles nem roubaram nada. No fim, fiquei com pena dos caras. Eles devem ter se concentrado ali no canto pra combinar o assalto, etc e tal e depois de toda aquela preparação eu não tinha nada pra dar pra eles.
E depois… Eles foram muito bondosos. O celular não valia nada pra ele, mas ele poderia ter levado para jogar fora depois ou pra tentar vendê-lo. Em vez disso ele voltou para me devolver o celular (na verdade jogar no chão, mas anyway…)
Terceira vez que sou assaltado em Itajaí (ok, a segunda não foi bem um assalto, o cara só levou minha bicicleta sem eu estar presente).
Quando você é assaltado, você fica tenso. Uma pessoa te ameaçar, segurar sua camisa, mandar você passar o seu celular pra ela… definitivamente não é uma sensação muito boa. De qualquer maneira, pelo menos ganhamos um post e ele não levou nada. Só conseguiu fazer com que ficássemos com medo de voltar pra casa.
Andar na rua é muito perigoso. As pessoas são muito violentas. Pra terminar redações a minha professora de português ensinou que eu preciso sugerir alguma coisa para mudar essa situação. Na falta de idéias, vou deixar esse texto assim mesmo pra vocês comentarem.
Três malacos acabaram de me inspirar para mais um post. Se minha cidade continuar do jeito que está, esse ano vocês verão vários posts sobre assaltos. A nova moda é roubar coisas do Tiago. Esses últimos foram mal-sucedidos… Eles achavam que eu tinha um celular decente, mas o cara deve ter se decepcionado com o que eu dei pra ele e jogou no chão.
E daí?
Você está em casa? Ou saiu? Está dormindo? Ou está festando? Ou pra você isso não passa de um dia normal?
Esta foi a semana mais movimentada e mais lucrativa do Mal Vicioso graças as pesquisas por fantasias de carnaval. Dizem que há muitas críticas ao carnaval, de historiadores e outras pessoas que pensam de forma diferente da minha. Porém, infelizmente eles não se manifestaram e o carnaval, mesmo rendendo dinheiro, não rendeu boas discussões.
De qualquer maneira, já temos posts pro carnaval do ano que vem.
Pra entrar no clima, fique com a linda composição do mestre Chico Buarque, “Vai passar”:
Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo, página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente, levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fulgaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval, carnaval, carnaval…
Vai passar
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, o lelê, ai que vida boa, o lalá
O estandarte do sanatório geral vai passar