Descriminalização do aborto

Lendo o FYI, tive vontade de escrever sobre o tema. Lembro que fiz uma dissertação sobre o aborto pra professora de biologia no ano passado. Na época, após pesquisar melhor sobre o assunto, cheguei a conclusão que o aborto deveria ser legalizado, mas não deveria ser realizado.

O aborto voluntário é legalizado na maioria dos países desenvolvidos. No entanto, muitos países continuam a possuir leis que proíbem a interrupção da gravidez. É o caso do Brasil, onde o aborto só é permitido em casos de risco de morte para a gestante ou em casos de estupro.

O aborto realizado de forma ilegal é muito perigoso para a gestante. Ele é feito em clínicas clandestinas e pela própria mulher, usando materiais inadequados e sem higiene. Esses métodos põe em risco a vida e a saúde da gestante. Descriminalizar o aborto não é incentivar a sua prática, mas permitir que todas as mulheres que tomem essa difícil decisão possam realizá-lo com condições de higiene e segurança.

A interrupção da gravidez é um tema polêmico porque envolve aspectos éticos, sociais e religiosos. Não vejo o aborto como um assassinato, mas pouco importa o que eu acho, já que a decisão é da mulher. Por isso, creio que ele não deve ser ilegal. Acredito que a mãe deva ter o direito de não botar no mundo um filho que ela não deseja e que pode ter uma vida pior do que simplesmente não nascer.

Ainda mais que, se a mãe quiser abortar mesmo um filho, não é a lei que vai impedí-la.

E vocês, o que acham?

O que vou ser quando crescer?

Estou no terceiro ano do Ensino Médio. Isso… aquele ano em que todos os professores na escola querem lhe preparar para o vestibular.

Confesso que o vestibular não é a coisa mais importante que tenho em mente e que há coisas que vocês diriam que tem bem menos importância que vem na frente na minha lista. Mas é melhor não confessar isso. Porque preocuparia minha mãe, minha namorada, minha família, meus professores, todo mundo, que talvez seja mais sábio do que eu por acreditar no futuro que todos acreditam… então é melhor deixar pra lá.

Deixando isso pra lá, vou partir do seguinte ponto: eu vou fazer vestibular no fim do ano. Eu quero passar. Sei lá se passarei! Isso não é problema meu, é da banca que vai corrigir a minha prova e não tô nem aí pra eles. Eu vejo as pessoas nervosas pra isso e não vejo muito sentido. Eu não passo de um número, se eu não passar ninguém vai morrer, o mundo não vai mudar e pode ser até melhor pra eu crescer mais antes de entrar.

Entrar numa universidade é legal, não só pelo aprendizado mas pela experiência de vida.

Creio que a visão de que faculdade é necessária pra um homem pensar é ilógica, conservadora e capitalista. Talvez admitam que não é pra pensar, é necessária pra ganhar dinheiro. Eu não creio que hoje em dia essa lógica seja tão verdadeira não. Mas entrar numa universidade, embora não seja necessária para nenhuma delas, pode ajudar nas duas coisas (pensar e ganhar dinheiro). Por isso, de qualquer maneira, eu quero entrar numa universidade. Eu gosto do ambiente, gosto de ter professores que podem me ajudar a pensar e creio que lá poderei me desenvolver melhor.

Então eu estava pensando em começar a carreira estudando computação. Porque:

  1. Eu gosto disso
  2. Eu sou muito bom nisso
  3. Isso dá dinheiro

Quero fazer ciência da computação desde que aprendi o que é uma faculdade, e isso foi antes da terceira série, aos 9 anos, antes de quando eu fiz o meu primeiro site. Aí minha idéia atual é fazer Ciência da Computação na UNICAMP e talvez tentar transformá-la no meio do ano em Computer Science no MIT. A idéia de fazer na USP também está me gustando bastante. Não sei se é possível fazer vestibular na USP e na UNICAMP. Alguém sabe me responder?

Depois eu penso em fazer filosofia e/ou psicologia, também na UNICAMP ou na USP. Não tem nada a ver com a minha área – não é o que eu quero fazer pra ganhar dinheiro. Isso é ruim?

Mas vou retomar o segundo parágrafo, porque não vou agüentar passar esse texto sem escrever sobre aquilo.

É que você sabe o que é engraçado? Nós queremos mudar o mundo, mas queremos ficar ricos. Quando você me pergunta sobre o meu futuro, eu digo que eu viverei sem problemas financeiros com a Carol e meus filhos, todos seremos felizes… Eu trabalhando em casa (ou em viagens), programando, pensando, escrevendo. Quando você me pergunta sobre o futuro do mundo, eu digo que vai acabar em 50 anos se continuar do jeito que está. O planeta está numa situação alarmante, mas mesmo assim nós continuamos com as nossas atividades normais.

Somos tão egoístas… A minha pergunta é o que vou fazer quando crescer e não o que o mundo vai ser quando eu crescer. E, se sou uma pessoa solidária, que valorizo inclusive os pensamentos daquele filósofo que a maioria da população chama de Deus (um tal de Jesus), não deveria pensar assim.

E é por causa dessa falta de egoísmo que me vem às vezes que eu não me preocupo com a minha faculdade. E aí quem me conhece se preocupa comigo. O mundo não é tão pequeno assim, gente. Eu hoje estou com uma dificuldade gigantesca em ver o mundo dos meus olhos. Talvez eu precise de terapia. Talvez o resto do mundo é que precise. Pra acabar com essa contradição, com essa hipocrisia e com esse egoísmo sem sentido.

No momento não consigo ser epicurista. O que eu quero ver é um mundo melhor. Para todos. Eu não passo de um no meio de seis bilhões. Isso não significa que eu queira ser um mártir; eu quero ser como todos os outros 1/6.000.000.000 (vejam como esse número é grande!) Ou pelo menos um mundo, mesmo que não seja perfeito, mas que exista. Um mundo que não acabe em menos de 100 anos. Talvez eu devesse me mudar para a Venezuela e servir para o presidente Hugo Chávez. Por mais incrível que possa parecer, eu me sentiria bem. Não, não sou socialista. Eu não gosto do socialismo, mas acho melhor que deixar o mundo acabar na mão dos imperialistas ianques.

Eu lutaria contra os Estados Unidos (acho que minha ajuda poderia ser mais útil na inteligência do que no mano-a-mano, mas anyway…). Me sentiria ridículo por estar colocando gravata para mudar o mundo dos engravatados (John Lennon, aprendi com o Reverendo), mas estaria mudando o mundo. Ou será que não devo me preocupar com nada disso, deva me focar só no meu vestibular, viver no meu pequeno mundo, pra fazer minha faculdade de computação e ganhar dinheiro ou mudar o mundo só a base de construção de softwares?

Não que a construção de softwares não possa mudar o mundo. Eu quero mudar o mundo com programas. Os programas são bem menos falhos que homens. Tem gente que me acha imbecil por ser totalmente a favor da substituição de mão-de-obra compulsória por máquinas. Se seu trabalho pode ser feito por máquinas, que seja feito por elas. Elas fazem melhor que você.

Quando o meu professor de física passou uma tarefa pedindo para converter graus de celsius para kelvin, farenheit, etc, etc, etc, eu não fiz. Pelo amor de Google, isso é trabalho pra máquina. Já trabalho pra homem deve ser aquele trabalho criativo, que a inteligência artificial ainda está longe de fazer, porque ainda nós (enquanto homens) não conseguimos criar coisas como cérebros humanos.

De qualquer maneira, é o meu vestibular que vai mudar o mundo? Será que eu devo mesmo me preocupar em passar? Eu já disse que gosto da universidade e de seu ambiente e que quero estudar, mas eu deveria me preocupar da maneira que as pessoas inteligentes se preocupam? O meu futuro é tão importante assim pra vocês, pro mundo? E se for, é por causa da sua graduação? Acho que não.

Aí no meio de tudo isso, mergulhado nesses pensamentos sobre o meu futuro e o futuro do mundo, chegou a professora ao meu lado e me perguntou hoje na aula: você já sabe que curso você vai fazer?

Eu sei lá o que eu quero. Eu, eu, eu, eu, eu… Nem sei quem eu sou, como eu vou saber quem eu quero ser? Desisto. Eu respondi a professora, com a cara mais normal que consegui representar: “Ciência da Computação na UNICAMP”. Na minha cabeça, eu concluí: “E enquanto isso, um monte de gente perde o futuro, os ianques continuam com seus genocídios e o nosso mundo chega mais perto do seu fim.” Mas isso com certeza não é nem um pouco importante perto da minha graduação.

Yankee imperialist, go home!

Bush caused 9/11

[…] o senhor Presidente [Bush] veio lhes falar, assim o disse: “Hoje quero falar diretamente às populações do Oriente Médio, meu país deseja a paz…”. Isso é certo. Se nós andamos pelas ruas do Bronx, se nós andamos pelas ruas de Nova York, de Washington, de San Diego, da Califórnia, de qualquer cidade, de San Antonio, de San Francisco, e perguntamos às pessoas nas ruas, aos cidadãos estadunidenses. Este país quer paz. A diferença está em que o governo deste país, dos Estados Unidos, não quer a paz, quer nos impôr seu modelo de exploração e de saque, e sua hegemonia na base das guerras.

(discurso de Hugo Chávez na ONU em setembro de 2006)

Não é um discurso novo, mas por sugestão da Caroline eu acabei de ler e adorei. Inclusive me deu vontade de ler o livro de Noam Chomsky.

Nos links abaixo você pode ler o discurso de Chávez na íntegra:

Vale a pena também ler este excelente artigo da Cabala sobre os estadounidenses: Hitler era um cara legal ou realidade para otimistas idiotas

O país que se diz o mais democrático do mundo é o máximo. As idéias da ONU são lindas, mas o seu poder é nulo (os EUA fazem o que eles quiserem). Os EUA usam a ONU para proibir os outros países de fazer coisas que eles fazem sem a permissão de ninguém. Aí acontecem os genocídios, como as bombas nucleares no Japão e as guerras no Oriente Médio.

Nós, enquanto povo, não temos poder nenhum. Essa história de democracia = demo + cracia = poder do povo é uma piada pouquíssimo engraçada, que não cola. Enquanto os governantes do resto do mundo não se revoltarem contra o imperialismo norte-americano e assumirem uma postura como a de Chávez, não haverá mudanças. E isso é ridículo, porque os EUA, além de destruírem culturas, estão destruindo nosso planeta.

Alguma idéia?

© 2005–2020 Tiago Madeira