Movimento Estudantil

“Eu não tenho nada a ver com isso,
Nem sequer nasci em Niterói.
Não me chamo João
E não tenho não
Qualquer vocação pra ser herói.”

De repente eu entrei pra uma chapa do DCE. “Quê?” Isso mesmo. Entrei pra uma chapa que vai disputar o Diretório Central dos Estudantes da USP em 2010.

“Mas… por quê?”

Em 2007 eu estudava numa escola de Itajaí. Minha namorada da época e meu irmão entraram numa chapa pro grêmio estudantil. Vou fazer uma revelação bombástica: não votei neles.

O motivo é simples: não acreditava que o Salesiano precisasse de um grêmio estudantil, aquilo mais parecia uma eleição por popularidade e de fato a chapa que venceu não fez absolutamente nada. Na verdade, mais parecia uma história de Malhação (aquele programa da Rede Globo).

Como gostava do meu irmão e da minha namorada não queria isso pra eles (responsabilidades, pseudopopularidade, reuniões inúteis e a participação numa espécie de movimento estudantil sem razão de existir). Felizmente eles não venceram.

Mudei muito de lá pra cá e, embora continue tendo certeza que o Salesiano não precisa de um movimento estudantil, descobri que há lugares que precisam.

“Mas… problemas da USP? Não é a melhor universidade da América Latina?”

Há vários, mas eis alguns que me preocupam: bolsas baixíssimas, processo seletivo estúpido privilegia quem tem acesso a cursinhos (todos aqui devem saber que tenho sérios problemas com Fuvest e Ensino Médio), condições muito ruins de ensino em vários lugares, parcerias privadas (universidade trabalhando pra empresas e não pro conhecimento e pro país), além dos problemas específicos dos institutos.

Há um problema que sintetiza todos eles: falta de democracia. Em tudo. Desde o próprio DCE até o conselho universitário e a magnífica reitora. Maio desse ano nos mostrou isso e o segundo semestre talvez tenha sido pior.

Sofremos neste segundo semestre um processo que chamam erroneamente de eleição (eu chamo de escolha) do novo reitor da USP. O processo inteiro é ridículo, com pouquíssima participação da comunidade acadêmica (no segundo turno apenas 0,3% da USP participa, em maioria os professores titulares) e ainda há o estopim: o governador é que escolhe o reitor a partir de uma lista tríplice e neste ano José Serra fez algo que tinha sido feito pela última vez por Maluf em 1981 (plena ditadura): não escolheu o primeiro colocado. Ou seja, nem a escolha daqueles poucos professores titulares foi respeitada. O escolhido foi João Grandino Rodas, apontado como o cara da linha dura desde antes desse processo de escolha do novo reitor começar (esta foto é de junho).

Um pequeno grupo de estudantes não tem como mudar alguma coisa dentro da universidade (alguém me apresenta algum resultado positivo da greve desse ano?). Democratizar o movimento estudantil pra democratizar a universidade: esse é o lema.

“Mas… você?”

A epígrafe desse post é de autoria do poeta Vinícius de Moraes e aqui há uma explicação do motivo de eu citá-la.

A Universidade de São Paulo vive um momento difícil, como expliquei anteriormente, e isso me força a agir; não só por mim, mas por todos e principalmente pela ideia de universidade que eu acredito. Numa reunião da chapa eu disse a todos os presentes (e repito aqui) que eu prefiro muito estudar matemática a participar de uma assembleia geral dos estudantes (que, sim, são eventos chatos e entediantes), porém acho que nesse momento eu preciso participar. Democratizar o movimento estudantil só é possível se gente “normal” participar (e isso é um convite pra você participar também).

“Mas… movimento estudantil é solução? Não é coisa de hippies e comunistas?”

Quem me conhece sabe que gosto de resolver problemas de matemática e quero usar isso pra melhorar o mundo, não a política. De fato o movimento estudantil é cheio de política e de partidos (eu nem entendo direito isso, mas de vez em quando descubro que estou dialogando com duas pessoas de grupos políticos diferentes que não se gostam muito), porém tem muita gente boa e é nelas que eu aposto nesse momento, já que não tenho ideia melhor.

Não mudei tanto assim. Não tenho ambições políticas, não me filiei nem me filiarei a um partido político, não sou hippie nem comunista. Porém, comunistas não comem criancinhas (pelo contrário, possuem ideias fantásticas) e conversar com eles tem sido um grande prazer para mim.

Entrei numa chapa do DCE justamente pra tentar quebrar esse preconceito de “movimento estudantil é lugar de hippies e nós, que estudamos, passamos o dia no IME sem se aproximar da FFLCH”.

Eu estou tentando ser um contra-exemplo. Sou um acadêmico e, por ser acadêmico, não existo sem universidade. Por isso faço questão de defender a universidade em que eu acredito. Não se engane, nem seja preconceituoso: nesse movimento tem muita gente boa.

“Mas… por que a chapa Para transformar o tédio em melodia?”

Veja também: Manifesto da Chapa e Twitter (@tedioemmelodia)

Conheci esse pessoal (grande parte do curso de Ciências Sociais da FFLCH) numa passeata de milhares por democracia na USP do MASP até o Largo São Francisco. Vestiam amarelo e seu protesto era bem-humorado e cheio de canções. Me interessei pela camiseta amarela e na semana seguinte fui a uma reunião deles no prédio de Ciências Sociais pra conhecê-los melhor.

Desde o início me trataram muito bem, deixaram eu falar e deixaram claro que o seu objetivo era um movimento estudantil com a participação de todos. Esse diálogo aberto me motivou a conversar mais com eles.

Eu e o Francisco (da matemática pura do IME) conversamos com eles de vez em quando desde lá e de uma de nossas reuniões lembro de uma fala interessante de uma garota: “Eu queria que todos participassem da assembleia geral. Que votassem todos a favor da PM no campus, mas que participassem. Não me importaria se minha ideia não fosse a da maioria da USP e aceitaria a ideia deles, mas gostaria que eles participassem.”

Foi esse pensamento que me levou a participar da chapa, essa abertura. A USP vive problemas e há nessa chapa pessoas dispostas a discutir com todos e mudar a cara do movimento estudantil pra um movimento que realmente representa os estudantes.

Realmente não sei se vai dar certo, mas acho divertido correr o risco de errar e acho que vai ser uma grande experiência.

“E agora?”

Como disse, não nasci pra ser político e por isso não tenho necessidade de mentir pra conseguir votos (acho até um pouco burro, já que ser eleito pro DCE vai apenas me dar trabalho e já estou cheio de coisas pra fazer). De fato não sei se a minha chapa é a melhor nem sei se daqui a um ano não estarei pensando outra coisa. Porém, acredito nessas pessoas que a compõem e [talvez eu esteja sendo ingenuamente manipulado, mas] acredito que podemos construir um movimento melhor e que isso é importante pra USP.

Então o que quero pedir é: se você é uspiano, vote. Leia os outros manifestos e decida a que achar que melhor representa você. Dê importância pro movimento estudantil da USP e acredite que ele pode ser melhor. Participe mais. Se minha chapa ganhar essa votação, cobre a sua participação no processo. O DCE serve para os estudantes participarem, dividirem seus problemas e buscarem soluções juntos como uma forte entidade e não estudantes sozinhos. O DCE tem obrigação de representar você.

Nada seria melhor pra acabar o post do que citar, d’Os Saltimbancos, Todos Juntos:

“Uma gata o que é que tem?
As unhas.
E a galinha o que é que tem?
O bico.
Dito assim parece até ridículo um bichinho se assanhar.

E o jumento o que é que tem?
As patas.
E o cachorro o que é que tem?
Os dentes.
Ponha tudo junto e de repente vamos ver no que é que dá.

Junte um bico com dez unhas,
Quatro patas, trinta dentes
E o valente dos valentes ainda vai te respeitar.

Todos juntos somos fortes,
Somos flecha e somos arco.
Todos nós no mesmo barco,
Não há nada pra temer.”

Essa utopia serve pro IME, pra USP, pra esse estado e pra esse país (estou otimista hoje).

while (você não estiver convencido) {
	use a caixa de comentários pra tentar me desconvencer
}

Assembleia na FAU

Uma memória me surgiu de repente. Precisava escrever.

Era maio de 2009. Não lembro o dia.

Campus da Universidade de São Paulo.

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Havia muito barulho e resolvi entrar.

Cerca de 400 estudantes em assembleia.

As pessoas falavam num microfone, mas era muito difícil ouvir.

Gente defendendo um lado e outro.

Recebendo aplausos, vaias.

Propostas, votações.

A maioria delas era sobre o diretor, Prof. Sawaya.

A que me lembro era para decidir se a FAU entraria ou não em greve.

Não houve contraste e os votos foram contados, um a um.

Não entrar em greve ganhou, mas isso não é importante.

O que marcou o dia, pra mim, foi um casal que estava bem a minha frente.

Ao ouvir que deveriam levantar as mãos os que eram a favor da greve, a garota olhou pro seu namorado, visivelmente triste.

E disse umas palavras que eu posso dizer, sem exagero, que mudaram minha vida:

“Eu não vejo a hora de terminar esse curso. Porém, não tenho coragem de votar contra a greve.”

E levantou as duas mãos.

Pra ela a universidade era mais importante do que ela.

A ponto de valer a pena defender a visão em que acreditava mesmo que isso significasse adiar sua formatura.

No IME só ouvi o pensamento inverso, gente preocupada apenas em terminar o seu curso e indiferente aos problemas de sua universidade.

Não há um dia lá em que eu não veja uma prova de que individualismo é a cara de São Paulo.

Porém, há esperança.

Diagnóstico de Alice

O problema do meu Amazon PC Slim L92 é uma incompatibilidade da sua placa-mãe com seu processador.

Fontes afirmam que testes realizados na Amazon PC revelaram que trocando o meu processador (Merom T5750) por um Penryn T8100 (US$ 230 nos EUA) ou T9300 (US$ 350 nos EUA) não há mais problema pra usar o computador com 4GB de memória RAM e um sistema operacional de 64 bits.

É evidente que a culpa originalmente não era da Amazon PC, mas da Compal, que foi capaz de fabricar e vender um laptop com processador incompatível com a placa-mãe. Porém, a Amazon PC não só não testou suficientemente o produto, como sua política de solução do problema foi escondê-lo aplicando este hack no software.

Exijo que a Amazon PC reverta a sua política de esconder o problema assumindo a culpa e consertando ou trocando o meu laptop por um com configuração igual ou superior, pois foi ela que me vendeu o produto e ela que me deve a garantia (ora, se vender laptops fosse só comprar de fora e colocar um preço eu também venderia laptops). Sugiro ainda ao pessoal da Amazon PC que eles reclamem e peçam indenização da Compal, mas isso já está fora da minha jurisdição.

Informo a todos os leitores que tomarei todas as providências que estiverem ao meu alcance pra que isto aconteça e que atualizarei este blog quando houver novas informações sobre o caso.

[update 27/ago/2009] O pessoal do Fórum Clube do Hardware afirma que a Intelbras resolveu o problema trocando por Penryn T6400. Este é melhor porque é mais barato que os sugeridos pela Amazon. Estou convencido que qualquer Penryn resolve o problema.

Sobre os meus 5²³ problemas com meu laptop

Comprei na Fnac no dia 15 de janeiro deste ano um Amazon PC Slim L92 12” com as seguintes especificações:

  • Processador: Intel(R) Core(TM)2 Duo CPU T5750 @ 2.00GHz
  • Placa-mãe: Compal JFT00 (versão da bios: 1.05A)
  • Disco rígido: Samsung HM250JI (250GB)
  • Memória RAM: 4GB DDR2 SODIMM (dois pentes de 2GB)

O resto é irrelevante para este post, mas pros geeks desocupados deixo aqui o lspci e o lsusb:

root@alice ~ # lspci -nn
00:00.0 Host bridge [0600]: Intel Corporation Mobile PM965/GM965/GL960 Memory Controller Hub [8086:2a00] (rev 03)
00:02.0 VGA compatible controller [0300]: Intel Corporation Mobile GM965/GL960 Integrated Graphics Controller [8086:2a02] (rev 03)
00:02.1 Display controller [0380]: Intel Corporation Mobile GM965/GL960 Integrated Graphics Controller [8086:2a03] (rev 03)
00:1a.0 USB Controller [0c03]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) USB UHCI Controller #4 [8086:2834] (rev 03)
00:1a.7 USB Controller [0c03]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) USB2 EHCI Controller #2 [8086:283a] (rev 03)
00:1b.0 Audio device [0403]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) HD Audio Controller [8086:284b] (rev 03)
00:1c.0 PCI bridge [0604]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) PCI Express Port 1 [8086:283f] (rev 03)
00:1c.1 PCI bridge [0604]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) PCI Express Port 2 [8086:2841] (rev 03)
00:1c.2 PCI bridge [0604]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) PCI Express Port 3 [8086:2843] (rev 03)
00:1d.0 USB Controller [0c03]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) USB UHCI Controller #1 [8086:2830] (rev 03)
00:1d.1 USB Controller [0c03]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) USB UHCI Controller #2 [8086:2831] (rev 03)
00:1d.2 USB Controller [0c03]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) USB UHCI Controller #3 [8086:2832] (rev 03)
00:1d.7 USB Controller [0c03]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) USB2 EHCI Controller #1 [8086:2836] (rev 03)
00:1e.0 PCI bridge [0604]: Intel Corporation 82801 Mobile PCI Bridge [8086:2448] (rev f3)
00:1f.0 ISA bridge [0601]: Intel Corporation 82801HEM (ICH8M) LPC Interface Controller [8086:2815] (rev 03)
00:1f.1 IDE interface [0101]: Intel Corporation 82801HBM/HEM (ICH8M/ICH8M-E) IDE Controller [8086:2850] (rev 03)
00:1f.2 SATA controller [0106]: Intel Corporation 82801HBM/HEM (ICH8M/ICH8M-E) SATA AHCI Controller [8086:2829] (rev 03)
00:1f.3 SMBus [0c05]: Intel Corporation 82801H (ICH8 Family) SMBus Controller [8086:283e] (rev 03)
01:00.0 Ethernet controller [0200]: Atheros Communications Inc. AR242x 802.11abg Wireless PCI Express Adapter [168c:001c] (rev 01)
02:00.0 Ethernet controller [0200]: Marvell Technology Group Ltd. 88E8055 PCI-E Gigabit Ethernet Controller [11ab:4363] (rev 12)
root@alice ~ # lsusb
Bus 002 Device 002: ID 0bda:0158 Realtek Semiconductor Corp. Mass Stroage Device
Bus 002 Device 001: ID 1d6b:0002 Linux Foundation 2.0 root hub
Bus 006 Device 001: ID 1d6b:0001 Linux Foundation 1.1 root hub
Bus 005 Device 001: ID 1d6b:0001 Linux Foundation 1.1 root hub
Bus 004 Device 001: ID 1d6b:0001 Linux Foundation 1.1 root hub
Bus 001 Device 002: ID 04f2:b052 Chicony Electronics Co., Ltd
Bus 001 Device 001: ID 1d6b:0002 Linux Foundation 2.0 root hub
Bus 003 Device 002: ID 147e:2016
Bus 003 Device 001: ID 1d6b:0001 Linux Foundation 1.1 root hub

Alice (é o nome do laptop) veio com Windows Vista 64 bits e a primeira coisa que notei nela foi um estranho desligamento do nada (no seu primeiro dia de vida), antes mesmo de eu instalar Linux! (ou seja, nos seus primeiros minutos, pois obviamente a primeira coisa a fazer quando se recebe um computador com Windows é instalar um Linux)

Compal JFT00

Pensei ser problema do sistema operacional e não dei bola. Mas aí a coisa ficou estranha: coloquei um CD minimal do Gentoo amd64 e quando ele iniciava o computador desligava do nada.

Para não precisar resolver o problema na hora, instalei um Ubuntu 32 bits (que, estranhamente, não desligava) e entrei na internet para pesquisar.

A página que melhor refletiu esse problema foi essa: 64-bit Intrepid automatic permanent reboot loop related to having exactly 4GB of memory (Ubuntu Bug #272530) e talvez também essa.

Como o laptop estava com lacres de garantia, ao invés de abrir e tirar 2GB de memória pra testar levei-a até a divisa entre Florianópolis e São José (um local lá perto de onde o Peterson vive) para a Wil Informática, única autorizada da Amazon PC na região.

Lá chegando o cara do suporte falou que tinha outros laptops da Amazon dando problema e que podia ser devido aos 4GB de memória. Trocou os pentes e pensou que funcionaria. Funcionou por alguns minutos na mão dele. Chegando em casa notei que o problema continuava e, como não tinha mais lacres, tirei um pente.

O laptop com 2GB de memória RAM não teve problema algum. Instalei Gentoo, pesquisei mais um pouco e encontrei a opção mem=4000M que deveria passar para o Kernel só reconhecer 3 e com isso funcionar com 64 bits.

Amazon PC

Continuei pesquisando, entrei em contato com a Amazon (que não ajudou em nada a não ser sugerir algo equivalente a mem=4000M pra Windows) e troquei e-mails com o Wil (que prometeu passar minha queixa para a Amazon trocar minha placa-mãe e desde 9 de fevereiro não me respondeu). No fim, não tive opção senão ficar com o laptop e, como ele não dava problemas com 3GB, resolvi deixar pra lá.

Há cerca de dois meses, porém, o laptop começou a apresentar outro problema. De vez em quando (quando eu fazia-o processar muito), ele desligava do nada. Quem tem noção de como é o Gentoo sabe que fazer o computador processar muito faz parte do dia-a-dia.

Estranhando o comportamento, mas atribuindo-o a eu estar usando versões bleeding edge (hard masked) de Kernel, GCC & etc, resolvi usar um Ubuntu 32 bits por um tempo até ter disponibilidade pra reinstalar um Gentoo com carinho.

Nos primeiros dias de Ubuntu ele travava com frequência, mas acreditei que fosse por culpa da placa de vídeo (tinha duas opções no Ubuntu: usava Compiz — blacklisted pa minha placa de vídeo — ou tinha um lag infernal pra trocar de área de trabalho no Gnome. Fiquei com a primeira), então não dei bola. Curiosamente os problemas cessaram e continuei usando o Ubuntu [razoavelmente-]feliz por mais algum tempo. De vez em quando o computador desligava quando eu fazia operações bastante pesadas e eu estranhava, mas pensava que era coincidência.

Funtoo

Nesse fim de semana ouvi falar do Funtoo e, mesmo com a agenda cheia, resolvi parar de usar Ubuntu de uma vez e fazer a Alice voltar a ter um sistema firme e forte. Baixei o stage 3 do <a href”http://dev.funtoo.org/linux/~funtoo/core2\_32/”>~core2\_32, caprichei nos arquivos de configuração e quando rodei um emerge -DN world surpresa! O laptop desligou.

Superaquecimento? Podia ser, o cooler fazia um barulho desumano, embora o tempo em São Paulo fosse muito frio. O ACPI não me ajudava, porque a temperatura da thermal zone ficava oscilando entre 42, 55, 63, 68, 73 e 79 graus celsius o tempo todo, assim como o barulho do cooler.

Deixei-a desligada por um dia, coloquei-a com as pontas apoiadas em livro, super ventilada, e fui compilar o Gentoo. Novamente, o laptop desligou.

Só pode ser o problema da BIOS, pensei. Vou ver se tem uma versão nova… E não é que tem?

Windows na privada

Ótimo, sofro um pouco mas instalo o Vista, atualizo a BIOS e depois isso vai estar corrigido. Alterei minha tabela de partições, criei uma partição primária especialmente pro Windows (porque sei que ele é chato com isso), iniciei com enorme desgosto a instalação do Vista e depois de digitar a product key mais de uma vez cheguei a conclusão que não ia conseguir instalá-lo. E depois ainda dizem que Linux é que é difícil…

Bom… Vou tentar instalar o Gentoo 64 bits, afinal ele já tinha funcionado no início do ano. Baixei e queimei um system rescue cd, o stage 3 do ~core2 e fui à luta. Resultado: desligamento sempre que tentava compilar alguma coisa pesada. Notava uma mensagem estranha muitas vezes: gcc internal compiler error

Está trabalhando demais? <a href”http://twitter.com/tmadeira/status/3486060876”>Vou tentar compilar com MAKEOPTS=”-j1″. Porém, mesmo resultado.

Resolvi voltar lá, configurei o Kernel e fui compilar. Em vários pontos dava essa segmentation fault (eu ia retirando as partes que davam esse erro), um deles (o último que eu anotei, aí resolvi desistir) foi no reiserfs:

fs/reiserfs/dir.c:231: internal compiler error: Segmentation fault

Pensei que só podia ser porque estava usando versões de Kernel e GCC muito novas, potencialmente instáveis (2.6.30-gentoo-r5 e 4.4). Mas por via das dúvidas resolvi procurar na internet. Eis o que encontrei:

- Random segfaults during compilation. These are signalled by compilation
  failing at undetermined points. Often trying to recompile will succesfully
  compile the file it was complaining about, but will fail for another. This is
  in general a sign of hardware problems.
...
There are multiple causes that can cause the above symptoms:
- Flaky hardware. This is showstopper number one. The cause can be either:
  - Insufficient power supply. To detect this try to unplug as many auxiliary
    devices (like cd-players, usb devices, etc.)  as possible and see whether
    the problem persists
  - Overclocked memory or CPU's can show random anomalous behaviour. Worse some
    hardware has these problems even at "factory speed". Lowering the clockspeed
    would be the solution to this problems
  - Overheated CPU's. CPU's have several calculation units which have a specific
    location on the chip. Compilation tends to intensively use a few of those
    units. This can cause heat problems within these units even when the overall
    chip temperature is within limits. If overheating is a problem a better cpu
    cooler often works. (Underclocking also works as heat increases with
    frequency)
  - Broken chipsets. There are some chipsets on motherboards which are broken.
    sometimes the os (read linux kernel) can work around some of these bugs,
    sometimes the only solution is a new motherboard.

Resolvi ainda testar o Funtoo estável pra desencargo de consciência, mas dessa vez o system rescue cd não bootou!!! Suponho então Broken chipset ou overclocked memory or CPU. Qual dessas? Apostaria na primeira, mas de fato não faço muita ideia, porque não entendo nada de hardware.

Resignado, ontem enviei e-mails detalhados para quatro assistências técnicas de São Paulo. Acabou o horário comercial há duas horas e nenhuma delas me respondeu.

Minha grande dificuldade é explicar isso pras assistências técnicas que, em geral, são compostas por pessoas que não entendem nada de Linux, nada de compilação e não compreendem nem mesmo o problema que tenho. Não que a última seja fácil, nem eu entendo esse problema (mas eu pelo menos sei que há algo errado). Elas testam deixando o computador ligado por algumas horas e, notando que ele não desliga, pensam que está tudo normal.

Computer Technical Support Hotline

Creio inclusive que há outros Compal JFT00 (a Intelbras produziu vários desses, além da Amazon) com o mesmo defeito, mas usuários comuns de computador nem devem notar.

Solução? Amanhã telefonarei pra Amazon e incomodarei eles até eles consertarem Alice de vez ou me prometerem um laptop novo. Por sorte Alice ainda está na garantia, que vai até janeiro de 2010. Espero que até lá eu já tenha resolvido tudo isso…

Meme: Símbolos fálicos contemporâneos

A Carol me convidou para participar do meme do Rev. Beraldo que tem por objetivo identificar alguns símbolos fálicos da atualidade.

De fato escolhi a primeira coisa que me veio a cabeça, sem pensar muito. E depois de um dia em que professores e estudantes entraram em greve na Universidade de São Paulo, a primeira coisa que me veio a cabeça foi a Torre do Relógio.

Torre do Relógio

A Torre do Relógio é um dos principais símbolos da grandiosidade da USP e fica no centro de um campo ao lado da reitoria.

Segundo o Gabinete do Reitor da Reitora,

O painel representando o mundo da fantasia tem a face voltada para o prédio da Antiga Reitoria, e sua face oposta, com o mundo da realidade, para o prédio da Reitoria nova.

O mundo da fantasia é assim representado: a Filosofia – Sofia (sabedoria), ladeada por seus amigos; Artes Plásticas – a Arquitetura, concebida como base para todas as artes plásticas; a Música (com a lira), a Dança, o Teatro (com a máscara); as Ciências Econômicas – estatística e oscilações; as Ciências Sociais – as forças agressoras emergindo do caos em contraposição à força protetora e, no centro, a criança; a Poesia – os namorados com a lua. O mundo da realidade apresenta a Matemática – Pitágoras (curvas de primeiro grau ou parábolas, curvas de segundo grau ou hipérboles e curva de grau superior). Como alusão ao futuro, a quadratura do circulo; as Ciências Geológicas – o arado primitivo – com o carvão esgotado, o petróleo escasso, a força nuclear será inevitável, mas pode também destruir a Terra, e os sobreviventes voltarão a usar o arado; a Física – três tipos de raio – solares, magnéticos e cósmicos; as Ciências Biológicas: pedras, folhas, animais; a Química – garrafas estilizadas; a Astronomia – a lua e as estrelas (Órion, Cruzeiro do Sul e outras). Detalhes

Hoje o topo da Torre do Relógio continha uma grande faixa “FORA PM”, mas não consegui achar uma foto em nenhum site de notícias. Uma pena. Então a foto clara dela fica mais pra mostrar o gramado ao lado:

Praça do Relógio (USP)

Sinto muito, mas não convidarei ninguém pro meme porque ando com medo de coisas que crescem exponencialmente.

© 2005–2020 Tiago Madeira