(em espanhol, com legenda em português)
Eu saí com um casal de alemães e aprendia sobre a política e a história deles. Ouvi sobre grupos terroristas, o NPD (um partido nazista de lá) e umas brigas políticas semelhantes às dos hooligans. Eles compreendiam e se expressavam bem em português, mas em certo momento trocaram algumas frases no seu idioma, não fiz ideia do porquê.
Então um deles me disse:
— Nós não entendemos por que os brasileiros não se revoltam, não fazem grandes manifestações em Brasília. Aqui tem muita gente passando fome, morando na favela, gente que trabalha um monte a vida inteira e não tem nada. Na Europa fazem revoluções por muito menos.
Não sabia o que responder, então disse o que me veio à mente:
— Acho que somos conformados e felizes com os nossos governos populistas e estamos mais preocupados com o carnaval e com o Campeonato Brasileiro. E, pasmem, essa nossa felicidade é até motivo de orgulho. É propaganda. Mas quem sabe um dia…
PS: A única relação do título desse post com seu conteúdo é a Lei dos Cinco (não que seja pouco). Eu usei esse título porque foi o sugerido pelo WordPress (esse é o post de ID 523 no meu banco de dados).
PPS: Today is Prickle-Prickle, the 1st day of Discord in the YOLD 3176. Feliz Estação Nova!
Entidades estudantis têm como costume passar em salas de aula para espalhar eventos, boletins e campanhas. Tenho certeza que fazem isso com a melhor das intenções e concordo que é fundamental que centros acadêmicos e diretórios centrais de estudantes construam seus projetos com todos os iguais que representam. Porém, após pensar um pouco a respeito, cheguei a conclusão que essa é uma péssima modalidade de divulgação (além de um gasto desnecessário de tempo e papel) e aqui explicarei meus porquês.
Antes de mais nada faço questão de lembrar que isso é um blog, portanto sinta-se livre para discordar através da caixa de comentários ou via trackback. Como me ensinou meu amigo Ibrahim Cesar: “A mídia tradicional manda mensagens. Blogs iniciam conversações.”
Iniciarei contando algo que já aconteceu comigo inúmeras vezes, tanto na UFSC como na USP: (e, de cara, peço desculpas porque sou um péssimo narrador)
Estou assistindo uma aula de Cálculo I e o professor acabou de escolher um estranho epsilon para demonstrar o limite de uma multiplicação. Prova finalizada, estou copiando o teorema e contemplando o quadro para buscar compreender de onde o professor tirou o epsilon. Beto, que esteve do lado de fora da sala aguardando o professor acabar a demonstração, entra animado: “Pessoal, eu sou do DCE. Estou aqui para convidar vocês para …”
Você decide:
Possibilidade #0:
Nem ouço o que ele diz. Termino a cópia da demonstração e guardo o panfleto que Beto entregou no fundo da mochila. Mal Beto deixa a sala, o professor continua a aula como se não tivesse sido interrompido, agora escolhendo um epsilon ainda mais estranho para demonstrar o limite de uma divisão. Um mês depois, encontro um panfleto no fundo da mochila e jogo fora sem nem mesmo ler ao perceber que o ato de uma luta que me interessava aconteceu há quase um mês atrás.
Possibilidade #1:
Ouço o que ele diz, mas não entendo direito a ideia da manifestação. É fato que o rapaz do DCE é muito mais politizado que eu. Se o aviso fosse dado num outro ambiente eu faria uma pergunta, discordaria dele, discutiríamos. Na sala, porém, com sua estrutura autoritária e no meio de uma aula de Cálculo, resolvo ficar calado e continuo sem simpatia nenhuma pelos comunistas do movimento estudantil. Também nem paro direito pra pensar, afinal estou no meio de uma aula de cálculo e meu professor não parou um minuto por causa do recado.
Possibilidade #2:
Eu, que não conheço o movimento estudantil (caso contrário já saberia do ato para o qual o rapaz do DCE está me convidando), presto total atenção nele, simpatizo com a ideia, meu professor debate o tema da manifestação logo que Beto sai da sala e depois da aula vou procurar Beto porque resolvi participar do ato e do movimento estudantil.
Se você acha que a possibilidade #2 ocorre, pode parar de ler esse texto que nossos axiomas são muito diferentes pra chegarmos a alguma conclusão comum (i.e., não vivemos no mesmo mundo).
Fato é que a gestão do DCE do ano passado passou em sala inúmeras vezes e eu só dei alguma atenção ao movimento estudantil depois que o conheci com as minhas próprias pernas ao lado do prédio de Letras, na FFLCH. O que prova que esse modelo de divulgação é incapaz de dialogar comigo e provavelmente com a maioria dos estudantes do meu instituto.
Creio que um convite para um debate não pode ser feito num ambiente de missa como as tradicionais salas de aula (o professor falando e os alunos respondendo “Amém” ou “Graças a Deus”), simplesmente porque não combina. Convites pra discussão precisam ser feitos nos corredores, nos gramados, nos intervalos de aula e por meio de uma conversa saudável e não da imposição de uma programação.
É preciso haver muita motivação para um aluno que não se sente diretamente tocado por uma questão e nunca debateu ela resolva participar de uma entidade por causa de uma propaganda na sala de aula. Uma motivação que não existe no mundo que eu considero real. Por isso, acho que as passagens em sala de aula precisam ser repensadas imediatamente por todos que buscam construir um movimento estudantil mais amplo e democrático.
Na terça-feira, Paris Hilton iniciou uma campanha na Internet pedindo a seus fãs que assinem uma carta de perdão a ser enviada ao governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.
(“Não estou acima da lei”, diz Paris Hilton”)
Sou só eu que ainda não sou capaz de visualizar o exterminador do futuro como governador de um estado americano? Prefiro não escrever o que a minha mente maliciosa pensou sobre o que Paris poderia oferecer para Arnold nessa carta.