Faltou aula, vagabundo? Vai preso!

Uma estudante de 15 anos da cidade alemã de Goerlitz será presa por duas semanas como punição por matar aulas persistentemente, informou o Ministério da Educação do Estado da Saxônia, leste do país, na quarta-feira.

Segundo o ministério, a decisão foi tomada por um tribunal de distrito após dos pais da garota não pagarem uma multa e da estudante se recusar a prestar serviços comunitários.

Uma porta-voz do ministério em Dresden disse que não quer comentar sobre a decisão do tribunal. A adolescente faltou a um número significativo de aulas.

A estudante terá de comparecer a uma prisão para cumprir sua sentença de duas semanas dentro de dois meses, segundo o ministério.

[notícia no Terra]

É o Ministério da Educação educando as crianças… O texto dispensa comentários.

O carnaval e a globalização

Imperialismo… Você vai à uma festa e ouve música estrangeira. Música eletrônica… Algumas até são brasileiras, mas que algum gringo pegou e “recompôs”. A nossa música já é boa, mas eles não perguntam: no processo de globalização, a chuva de lixo eletrônico e cultural não pede permissão para existir.

Nos acostumamos com a chuva e aprendemos a gostar dela; ela não é ruim. Há pouca resistência. Quem vende isso não está nem aí para o fato de as nações serem diferentes, porque o que importa é o dinheiro. Nós não passamos de massa.

Desfile da Mangueira em 1998

O carnaval é regido pelo ano lunar. Como a maioria de nossas festas, foi adaptada pela Igreja Católica: Agora tem o significado cristão de acabar 40 dias antes da morte de Jesus Cristo, precedindo a quaresma. Mesmo assim, o carnaval é provavelmente a festa mais brasileira que comemoramos.

No Brasil inteiro, canta-se e dança-se o samba. O samba nasceu aqui na Bahia, desenvolveu-se aqui no Rio de Janeiro. É derivado do ritmo das religiões africanas, mas é nosso. O sambista, cantor e compositor brasileiro Candeia disse que um país que deixa a cultura do povo se perder nunca será uma nação.

É possível viver sem nada dessa cultura estrangeira, da mesma maneira que é possível também viver sem a nossa. É importante preservar a nossa cultura? Até que ponto a globalização é boa para nós?

A culpa é de quem?

Bicicleta roubada. A culpa é de quem? Pense nas alternativas e responda nos comentários:

  • Do filho da puta que roubou a minha bicicleta.
  • Dos pais do cara que roubou a minha bicicleta que não souberam educá-lo ou não tinham condições de tê-lo.
  • Dos políticos que excluíram o cara que roubou minha bicicleta.
  • De toda a sociedade que excluiu o cara que roubou minha bicicleta.
  • Das drogas que fazem pessoas irem à loucura.
  • Da polícia que não está cuidando da segurança dos cidadãos.
  • Minha, que não deveria ter deixado a bicicleta naquele local. Aceite o mundo do jeito que ele é.
  • Minha, que deveria ter saído mais cedo da casa da Carol. O mundo é assim.
  • Minha, que nem deveria andar de bicicleta em Itajaí. É perigoso, não há o que fazer pra mudar isso.
  • Minha, que aliás não deveria nem sair de casa, porque o mundo é assim e pronto.
  • Do meu irmão, que comprou um cadeado vagabundo.
  • Roubar bicicleta não é errado. Posse e propriedade não deveriam existir.

Às vezes eu perco a esperança de transformar as pessoas, mudar as suas mentalidades. Às vezes eu acho que eu estou tentando fazer algo por gente que não merece. Mas aí minha cabeça volta ao lugar e acho que o problema não é do cara que roubou a minha bicicleta, mas de uma porção de erros de todos nós.

A mentalidade do cara que roubou a minha bicicleta é como a minha. A minha bicicleta vale dinheiro, eu preciso de dinheiro. Eu não posso deixar que roubem minha bicicleta pelo mesmo motivo que ele roubou a minha bicicleta.

Não é por isso que eu perdôo ele. A culpa também é dele. No meu mundo utópico as pessoas não precisam de leis, mas respeitam os outros. Roubar a minha bicicleta quando eu vou voltar pra casa às 20h é um desrespeito. Ele rouba sem se preocupar comigo. Eu não faria isso, então a mentalidade dele é podre.

A mentalidade das pessoas não é culpa delas, embora nós sempre achemos e falemos que é. É culpa de quem está perto e ensina as pessoas com exemplos e com a sua própria vida. Não sei a história desse cara, mas acho difícil a culpa ser somente dele.

A minha bicicleta foi roubada por uma série de erros, uma série de problemas sociais, uma série de ações de várias pessoas que contribuíram para o mundo se tornar o que é. Como nós vamos fazer pra mudar isso? Ou é melhor se acostumar com isso e se contentar com o mundo da maneira que é?

E afinal… o que importa de quem é a culpa?

Água no pescoço

A ONU dobra previsão de aumento de temperatura e enquanto isso os sábios donos do mundo continuam não estando nem aí pro fim do mundo e continuam com a poluição e devastação em massa. E com os outros poderosos não é diferente.

Achava-se que quando a água chegasse na bunda as pessoas começariam a cuidar do meio ambiente, mas a água já está quase no pescoço e nada. É uma ambição incontrolável! Não entendo o sentido disso tudo, a não ser o já conhecido efeito Gollum.

Aquecimento global

Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder.

(Nietzsche)

ET’s em fantasia de carnaval?

O que estamos fazendo aqui?

Engraçado. Tudo é muito engraçado. Creio que todos os seres viventes neste mundo de aflições deveriam ter aulas de sociologia, antropologia e psicologia intrumentais. Tudo isso, sim, tudo isso. E por quê? porque as pessoas estão perdendo a noção de senso comum, de gentileza, de dor, de tudo isso que afeta o outro.

Definitivamente não é uma lamentação, isto aqui. É um testemunho indignado com o comportamento social… E não digo isto de levantar pra velho sentar não. Digo das pessoas serem sensíveis ao próximo.

E nossa, como isso me irrita. Como me irrita a falta de tato. A brincadeira fora de hora. O egoísmo lato. A punhalada nas costas. O descaso. O descanso. Me irrita o sorriso falso, a gargalhada forçada, a “forçada” de barra, o comentário rasgado, a mentira desgraçada, a inconveniência desavergonhada.

Me entristece tanta falta de profundidade nas relações. E não por simplesmente termos de nos preocupar uns com os outros, mas porque desta forma nem nós nos conheceremos a fundo. E quanto mais eu vivo, mais tenho a sensação de que não sei quem sou. E não num sentido rebelde sem causa. Mas na falta de identidade. Na falta de algo que me assemelhe a alguém. E quando há um sentimento de coletividade, quando há a preocupação em enxergar o outro como semelhante aí sim sabemos quem somos. Com certeza antropologia iria ajudar…

Mas afinal, ainda tenho esperanças… Na pior das hipóteses, somos todos ETs em fantasias de carnaval.

Procurando sobre o carnaval no Technorati, conheci um blog novo muito bom: Sweet Vice. Este texto é o segundo post de um grupo de meninas, que pelas idéias me lembram a Carol. ;-)

Ela tem toda razão. As pessoas sempre estão competindo entre si e mentindo para levar vantagem, não estão nem aí se estão prejudicando o outro desde que seja para uma boa causa individual. Nosso mundo é egoísta e nós somos hipócritas.

© 2005–2020 Tiago Madeira